sábado, 15 de janeiro de 2011

Quente e Frio

Início de corrida junto ao Lago Léman
Parc Mon Repos
Habitantes do Lago Léman
Uma mansão em pleno Parc Mon Repos
Uma vista do Lago Léman
O Jet D'eau na tarde do dia anterior
Carrossel no centro histórico
Pelas ruas estreitas do centro histórico

Genebra, Dezembro de 2010

Domingo no Mundo. Acordo em Genebra.

O calor sentido no quarto do hotel contrasta com baixas temperaturas no exterior. Na bagagem equipamento para enfrentar temperaturas austeras para um habitante do sul da Europa.

Até ao momento em que saio para o exterior, desconheço a real temperatura e como as diversas camadas de equipamento e múltiplos acessórios vão resistir ao frio continental.

As portas automáticas deslizam em direcções opostas e subitamente sinto uma massa de ar frio e seco contra o meu corpo. O mercúrio deve baixar dos zero graus e sem demora inicio o treino.

Inicialmente protegido em ruas ladeadas por prédios de 3/4 andares num bairro polvilhado por múltiplos restaurantes de nomes portugueses, rapidamente alcanço o fabuloso cenário de águas calmas e límpidas do Lago de Léman.

O Lago Léman separa a Suíça da França e por ele passam as águas do Rio Rhône.

Junto à margem deixo-me deslizar numa passada que aqueça o corpo e a alma, mas que não force um joelho que começa a dar sinais de fraqueza.

Procuro os limites que delimitam o lago. Mas tudo o que a minha vista alcança são as margens opostas do Lago Menor (ou Lago de Genebra). Para lá da linha do horizonte ainda há o Lago Maior, parte do Lago Léman e para onde o Rio Rhône corre em direcção ao Mar Mediterrâneo. Sigo no sentido da corrente do Rhône em direcção a um parque.

Raros são os corredores matinais com quem me cruzo. Interrogava-me se estaria “overdressed” para o frio que estava. Não queria parecer um “menino” passando por corredores para quem uns graus abaixo de zero não justificavam mais do que uma t-shirt e uns calções. Ao invés eu parecia que caminhava em direcção a um campo de batalha na Sibéria (três sweat-shirts, luvas, gorro, fita protectora para as orelhas, cachecol e calça de licra). Ainda assim, o frio começava a penetrar por entre as fibras de um par de luvas e as mãos arrefeciam rapidamente.

Ignorando o desconforto crescente aproveito o cenário que podia inspirar um qualquer quadro impressionista.

Percurso feito em caminhos do Parc Mon Repos marcados por árvores de copas altas que intercalam com amplos espaços relvados cobertos de geada e edifícios clássicos.

Uma névoa matinal esbate as cores do lago e suas paisagens envolventes. Junto à margem descansam alguns patos. Comunidade animal respeitável no lago, tantos são aqueles que podemos encontrar. Águas cristalinas e um povo civilizado (talvez até demais) devem garantir a sua sobrevivência.

O parque termina interrompido por um bloco de casas luxuosas junto ao lago que me obrigariam a continuar o treino junto à estrada. Tempo de inverter o sentido da marcha em direcção ao centro da cidade em ritmo mais acelerado e constantemente a mexer as mãos que começam a ficar dormentes do frio.

Sempre junto ao lago passo por uma das grandes atracções de Genebra, o Jet d’Eau. Ponto de interesse turístico de qualidade duvidosa, não é mais do que um jacto de água projectado a uma altura de 140 metros e visível em diversos pontos da cidade.

Passo para a margem contrária pela Pont Du Mont Blanc e corro agora entre lojas de chocolates e relógios suíços antes de iniciar uma subida que me levaria ao centro histórico. A música vinda de um carrossel colorido e roulottes de gauffres e crepes alertam os mais distraídos para as festas da cidade e feiras de Natal. Sente-se no ar o cheiro de chocolate Nutella e o meu estômago acorda para o pequeno-almoço. Hora de regressar ao hotel mas não sem antes atravessar algumas ruas estreitas e empedradas de edifícios e igrejas históricas onde pouca gente circula.

Acelero. Por esta altura as mãos já perderam alguma sensibilidade e o frio não dá tréguas apesar de o sol se elevar no céu a cada instante.

Mas, um simples sorriso e olhar foram suficientes para devolver todo o calor perdido pelas ruas de Genebra.

2 comentários:

E disse...

olá, milton!

que treino delicioso!
apesar do frio, deu vontade de trotar à beira do lago...

obrigada pelo passeio;)
eu, deste meu cantinho aqui no brasil, me senti me aventurando por genebra!

abraços!

Milton disse...

Oi Elis!
Sempre um prazer saber que continuas de olho nestes passeios!
No Brasil deves estar a sentir temperaturas opostas às que se sentem em Genebra.
Mas quem gosta de correr consegue fazê-lo em qualquer lugar e circunstância.
Um abraço!

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