terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Kuala Lumpur Melting Pot



Kuala Lumpur, Julho de 2009

Embora possa parecer uma ideia um pouco "Socrática", acredito que uma das formas de sentir o "pulso" de uma cidade pode muito bem passar por uma corrida.
São 17 horas em Kuala Lumpur. O mercúrio subia até aos 30º e a humidade rondava os 80%.

As condições não são de todo perfeitas para uma corrida. Tanto mais porque o "jet lag" (- 7 horas) ainda se fazia sentir.

O ginásio do hotel estava muito bem equipado e refrigerado mas não me seduziu de todo, pois a curiosidade relativamente ao mundo exterior era enorme!

O hotel tinha a vantagem de estar em frente à versão malaia das Twin Towers, as Torres Petronas. Duas torres construídas em ferro e vidro. Absolutamente deslumbrantes e imponentes. Mesmo para aqueles que não se deixam impressionar por obras megalómanas.

Estas torres representam o crescimento e poderio económico da Malásia sustentado, em parte, pelo petróleo e o gás.

Na Malásia, a indústria do petróleo e de outros minérios terá servido para financiar a construção de infra-estruturas, o desenvolvimento económico-social e tecnológico, factos que poderão ter contribuído para uma maior estabilidade social, pelo menos aos olhos de quem passou por aqui um "par de dias".

E este até é um país que tinha tudo para ser conflituoso no seu interior por ser um verdadeiro "melting pot", onde pessoas das mais diversas nacionalidades e religiões convivem lado a lado, mesmo que em outras partes do globo nutram um profundo ódio.

A população da Malásia é constituída em 50% por malaios (e dentro destes a população é maioritariamente muçulmana), 24% de chineses, 7% de indianos. O remanescente é uma lista infindável de outras populações indígenas, eurasiáticos, árabes e outros não-malaios.

Esta impressão ficou reconfirmada durante uma corrida de aproximadamente 8 kms em torno de um circuito reduzido de 1,3 kms, dentro de um parque entre o hotel e as Torres Petronas.

Como é costume neste tipo de corridas, prescindo de todos os acessórios que me impeçam de absorver o que se passa em meu redor. E foi de facto incrível perceber como num pequeno espaço conseguimos cruzar-nos com chineses, japoneses e outros asiáticos cuja origem é imperceptível no imediato, bem como famílias indianas com mulheres vestidas nos seus coloridos "saris", famílias árabes identificadas muitas vezes por mulheres envergando os típicos véus e "burkas". E turistas americanos, australianos, europeus...

Ao invés dos sons vindos de um IPOD, a banda sonora desta corrida acabou por ser uma oração em árabe que escutava através do megafone de uma mesquita junto ao parque.

Pelo percurso ainda me cruzei com uma rapariga muçulmana que treina como eu, mas que não dispensa um véu que esconde os seus cabelos. Um acto de coragem atendendo às condições climatéricas que descrevi.

Todos os turistas não resistem em contemplar as enormes torres que rasgam o céu na procura do melhor ângulo para a foto perfeita. Nesses momentos acabam por "invadir" involuntariamente, ou não, a pista destinada aos corredores.

Mas logo que se aproxima um corredor, um funcionário do parque desimpede a pista de corrida, abortando um conjunto de fotografias que estavam prontas a ser disparadas. Tudo em nome da livre circulação das pessoas que por ali treinam. Muitos pormenores não são deixados ao acaso na organização deste país.

Toda uma mescla de culturas, gentes e sons conseguem juntar-se naquele pequeno perímetro. Só faltavam mesmo os cheiros das comidas de rua em China Town.

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